Sagrado e afrodisíaco: fatos e curiosidade sobre o chocolate
O cacau, Teobroma cacau, significa o néctar
dos deuses. Para muitos, o sabor do doce é
realmente algo divino. Considerado o melhor remédio pela maioria das
mulheres para a famosa e desagradável TPM, consolo para dor de cotovelo, mecanismo para
acalmar quem passa por situações extremas, o tchocolatl, como era
chamado o líquido feito com favas de cacau pelos astecas, era utilizado
em rituais religiosos. Para o povo asteca, o ouro e a prata valiam menos
que as sementes de cacau - a moeda da época. Dez sementes compravam um
coelho; cem, uma escrava.
A Espanha manteve o
monopólio do produto por mais de um século, graças às plantações iniciadas por Hernan Cortés, conquistador espanhol
que levou amostras de cacaueiros para seu país. A receita, aprimorada com
outros ingredientes (açúcar, vinho e amêndoas), era guardada em segredo
pelos espanhóis. Apenas mosteiros previamente escolhidos eram
autorizados a produzir o tchocoatl, já com o nome espanhol chocolate.
Pouco a pouco, porém, os monges passaram a distribuí-lo entre seus
fiéis.
Em 1828, Van Houten inventou uma prensa
capaz de eliminar boa parte da gordura do vegetal. Como resultado,
obteve o chocolate em pó, solúvel em água ou leite e, consequentemente,
mais suave e agradável ao paladar.
Faltava saber o que fazer com a gordura sólida que sobrava da prensagem.
A resposta seria dada somente 20 anos depois, pela empresa inglesa Fry
& Sons. Os técnicos da indústria adicionaram pasta de cacau e açúcar
à massa gordurosa e confeccionaram a primeira barra de chocolate do
mundo - tão amarga, porém, quanto a bebida que lhe deu origem. Tempos
depois, o suíço Henri Nestlé (1814-1890) contribuiu para que o doce
começasse a se parecer com os tabletes de hoje. De uma de suas
experiências resultou um método de condensação do leite, processo até
então desconhecido, que seria utilizado em seguida por outro suíço,
Daniel Peter (1836-1919). Fabricante de velas de sebo, Peter passou a se
interessar pela produção de chocolates quando percebeu que o uso do
petróleo para iluminação estava, aos poucos, minando sua fonte de renda.
Por sorte, ele morava no mesmo quarteirão de Nestlé e, ao ficar sabendo
de sua descoberta, ocorreu-lhe misturar o leite condensado para fazer a
primeira barra de chocolate ao leite.
Consumo mundial
Na época em que foi levado à corte francesa, alguns médicos o
consideravam como sendo mais nutritivo que a carne bovina e a de
carneiro.
A cafeína contida nele pode fazer mal, pois contrai as veias. Mas o
chocolate contém o aminoácido triptofano, que aumenta a produção de
serotonina (também responsável pela sensação de bem-estar).
O chocolate beneficia os rins e o sistema nervoso central, além de
ajudar na fabricação de endorfina, responsável pelo nosso bem-estar – um
dos motivos que o tornam queridinho dos irritadiços e estressados de
plantão.
Mulheres + chocolates + TPM
Segundo a nutricionista Daniela Mendes Tobaja, por meio de seu site, no
período as mulheres tem um aumento do estradiol, que aumenta a
sensibilidade do paladar, principalmente para alimentos doces.
Ela também explica que muitas mulheres podem apresentar anemia na fase C
(queda nos valores de hemoglobina, ferritina e saturação de
transferrina), pois a absorção do ferro é aumentada devida a necessidade
durante o sangramento. Acredita-se que, o desejo por alimentos
adocicados, ricos em ferro, como o chocolate, e que tragam uma sensação
de prazer, sejam mais solicitados. O chocolate também contem outras
vitaminas, minerais e aminoácidos que podem estar deficientes nessa
fase.
O rei asteca Montezuma II bebia vários frascos do tchocolatl antes de
ficar com as mulheres de seu harém, pois a bebida tinha fama de
afrodisíaca.
O aventureiro sedutor Casanova dizia que o chocolate era o "elixir do amor".
O rei dos contos eróticos, Marquês de Sade colocou o alimento em uma
de suas histórias obscenas. O chocolate foi misturado à cantaria -
inseto usada na medicina antiga ao qual eram atribuídos poderes
afrodisíacos - e distribuído como pastilhas em uma festa. O texto dizia
que os convidados queimaram com ardor lascivo.
O mais brasileiro dos chocolates
O brigadeiro foi criado no Brasil de forma quase acidental, logo depois
da Segunda Guerra Mundial. Nessa época era quase impossível arranjar
ingredientes para fazer sobremesas. Alguém resolveu misturar leite
condensado e chocolate, e acabou criando o doce. Inicialmente, foi
conhecido como bombardeiro, porque as crianças costumavam fazer
guerrinhas com o chocolate. As mães, buscando soluções para evitar que
as bolinhas grudassem na roupa dos
Brigadeiro: genuinamente brasileiro.pequenos,
resolveram cobri-la com granulado. Foi assim que a delícia assumiu sua
forma atual e está presente até hoje em qualquer festinha infantil que
se preze (e nas melhores festas adultas).
A sobremesa foi rebatizada por causa do brigadeiro Eduardo Gomes,
político e candidato à Presidência em 1945 e 1949 — derrotado pelo
general Eurico Gaspar Dutra e por Getúlio Vargas, respectivamente. Seu
uniforme, exposto no Museu Aeroespacial durante muitos anos, apresentava
um ferimento na região sexual, fruto de um tiro que levou durante a
Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, da qual participou. Começou,
então, a correr o boato de que o militar não tinha o saco escrotal. Ou
seja, não tinha os "ovos", mesmo formato do doce de chocolate.
Curiosidades
• O sangue da inesquecível cena do chuveiro de Psicose foi feito com chocolate líquido.
• Nos EUA, algumas escolas instituem o Bug’s Day (Dia do Inseto), quando
as crianças são convidadas a degustar pratos feitos com esses
bichinhos, em uma tentativa de quebrar o preconceito contra culturas
exóticas. Uma das iguarias preferidas é grilo com cobertura de
chocolate.
• No Dia dos Mortos (El Dia de los Muertos), 2 de novembro, uma grande
comemoração no México, as pessoas oferecem ao mortos o que eles mais
gostavam: pratos, bebidas, arranjos de flores. Uma tradição bem popular
são as caveiras doces, feitas com chocolate, marzipã e açúcar.
* Com informações do Guia dos Curiosos