O resultado mais importante da COP-17 já foi definido: o Protocolo de
Kyoto, o acordo internacional contra emissões de gases-estufa, será
estendido por um segundo período, a partir do ano que vem.
O texto da decisão, obtido pela Folha, tem duas páginas e não
contém nenhuma meta de redução de emissões para os países que ficam em
Kyoto, o chamado Anexo-1 (industrializados). Apenas convida as partes a
submeterem suas metas -- chamadas "objetivos quantitativos de redução de
emissões", ou Qelros -- até 1° de maio do ano que vem.
A decisão sobre Kyoto também chuta para a frente um problema que opôs os
países industrializados nas discussões: o que fazer com o chamado "hot
air" dos países do antigo bloco comunista. O colapso econômico dessas
nações, nos anos 1990, fez com que elas ficassem com uma meta muito
maior do que suas reais emissões, e nações como Ucrânia e Polônia
queriam carregar esses "créditos" para a segunda fase. O texto diz que
os países devem discutir mais esse assunto, num foro técnico.
O segundo período de Kyoto é o primeiro pedaço do pacote de decisões de
Durban. Ele ainda precisa ser adotado pela COP-17, ou seja, aprovado
pela plenária final da conferência, que até a tarde de sexta ainda não
tinha hora para acontecer
A prolongação do protocolo era a exigência dos países em
desenvolvimento, como o Brasil, para aceitarem a proposta europeia de
adotar um roteiro de negociações rumo a um acordo legalmente vinculante
que inclua todos os países a partir de 2015.
Na tarde desta sexta-feira, enquanto dezenas de manifestantes reunidos
no térreo do ICC (o centro de convenções de Durban, que abriga a
conferência) gritavam palavras de ordem e tentavam ocupar a plenária da
COP, no andar de cima, negociadores de cerca de 30 países fechavam a
segunda parte do pacote: o texto que deve definir o roteiro futuro das
negociações.
A reunião foi suspensa por volta das 16h (horário local). A ministra do
Meio Ambiente da Índia, Jayanthi Natarajan, afirmou que o bloco dos
países-ilhas havia pedido duas horas para examinar a proposta.
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A DURBAN