quinta-feira, 27 de junho de 2013

Genoma completo de cavalo que viveu há 700 mil anos

Segundo Lopes (2013) o cavalo morreu há uns 700 mil anos, mas um de seus ossos, preservados no permafrost (o solo congelado do Ártico), forneceu a pesquisadores da Dinamarca material genético suficiente para que todo o DNA do bicho fosse sequenciado.
Um grandioso feito tecnológico, pois segundo artigo, o genoma completo mais antigo de um ser vivo era o de um denisovano (humano primitivo da Sibéria, aparentado aos neandertais), morto há "apenas" 80 mil anos. Por isso mesmo, decodificar o DNA do equino canadense, que pertencia à mesma espécie que os cavalos domésticos de hoje, sugere que pode ser possível ampliar ainda mais o limite temporal dos estudos genéticos de criaturas extintas.
"No Ártico, existe um potencial de se chegar a 1 milhão de anos ou mais (Orlando 2013). Em ambientes temperados, meio milhão de anos é bastante provável, permitindo a obtenção do genoma completo de parentes extintos do homem que ainda não foram estudados, tais como o Homo heidelbergensis, da Espanha, e o Homo erectus, da China (Orlando 2013).
O aumento da capacidade de leitura dos genomas tão antigos deve-se aos atuais avanços da tecnologia. Existem aparelhos bem mais sensíveis a pequenos fragmentos de DNA, e há programas de computador que conseguem interpretar o que havia originalmente no material genético, mesmo que ele esteja quimicamente muito deformado ou degradado, além de montar todos esses pedaços de maneira mais confiável (Lopes 2013).
A pesquisa traz dados interessantes sobre a evolução dos cavalos. Comparando o genoma de 700 mil anos com o de um animal de 40 mil anos e com o de equinos modernos (tanto cavalos quanto jumentos), os cientistas estimam que o ancestral comum de todos esses bichos viveu há cerca de 4 milhões de anos, o dobro do tempo que se imaginava para essa origem (Lopes 2013). A pesquisa também confirmou que a última estirpe de cavalos naturalmente selvagens do mundo, os cavalos-de-przewalski (pronuncia-se "shiválski" - figura 1), são mesmo 100% selvagens, sem mestiços
Fig.1: Última linhagem de cavalos selvagens - o Cavalo-de-przewalski
com os bichos domésticos. E sugere, ainda, que o clima foi determinante nas expansões e contrações da população dos cavalos ao longo das últimas centenas de milhares de anos. Segundo Willerslev e Orlando (2013) se o clima esfria, é bom ser um cavalo; se esquenta, não é tão bom. O estudo aconteceu na Universidade de Copenhague (Lopes 2013).






Referências: Lopes, R. J. 2013. http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/06/1301773-cientistas-apresentam-genoma-completo-de-cavalo-de-700-mil-anos.shtml